11 fevereiro 2007

dESing IV

the begining...
















Contextualização de uma determinada sonoridade num universo visual correspondente.

Sublimação do som em imagem, transposição do sentido auditivo para o sentido visual.

primeiro passo. escolher um som. de qualquer tipo, com qualquer tipo de duração.
criar o contentor para esse som, ou seja um sítio onde esse som pudesse 'viver', que por fora disséssemos que aquela era a sua 'casa'.

a máscara...

























o meu conceito:

escolha do som foi bastante difícil. o mais difícil em todo o trabalho. primeiro estava com a ideia de conseguir uma curta metragem 'portrait of me' da Magali Charrier, mas foi-me impossível. por isso virei-me depois para a poesia.

este trabalho obviamente

estava a ganhar contornos bastante pessoais, e não impedi que assim fosse.
comecei a declamar para o meu pequeno gravador. escolhi o poema apontamento de Fernando Pessoa. o poema já tinha uma interpretação musical pela voz da Margarida Pinto. comecei a pegar nessa música, mas não resultava. já tinha na minha cabeça as imagens a passar-me como flashes. as máscaras, os espelhos, o fragmento do eu, os gritos abafados, o querer sair...

optei por fabricar o meu som. juntei a minha voz, aos sons da realidade e a músicas. tentei dar-lhe um aspecto de constância/inconstância interrompida, absorvi o barulho do gravador como parte integrante do meu som. ele emergiu, assim, deste corta e cola, desta procura, desta junção de todos os cacos do eu.


processing...



























apresentação:

o contentor. desde o início quis usar a prateleira esquecida de casa de banho ou da despensa. aproveitei-me do seu significado de guardar coisas, suportar coisas, para me suportar a mim.
eu, a minha dor e incompreensão pendiam todas para aquela máscara de liga também ferida e exausta... ela é a parte essencial do meu exercício.
após já um longo processo a remexer em tudo aquilo, fazendo fotos, poses e cenários, acumulando e procurando objectos fortes em simbolismo, o deslocar-me todos os dias até aquele local e ouvir a Minha melodia, e daí descortinar as imagens de tudo aquilo...o racionalizar…

posso agora referir a escolha do branco. para mim o branco simboliza algo estéril, seco, sem vida... poderá parecer um tal paradoxo, visto que o exercício forma-se por de entre as entranhas da emoção,..mas o que sinto é que o branco está ali como forma racionalizada. isto porque as emoções estão dentro de nós, cá dentro, apesar de subjectivas que são, têm cores formas texturas, sentidos... e o acto de retirar tudo para fora, para o frio exterior, foi uma acto de as racionalizar de as pensar como imagem, para que agora possamos andar em volta delas (do carrinho) pensar ainda mais sobre elas e assim continuar a dar-lhes sucessivas camadas de branco.

vou agora centrar-me nos objectos mais importantes.
os espelhos. o eu. partidos e riscados como caco, fragmento, como o eu em falta, deformado, incompreendido por si, confuso em si.

as linhas. atravessam todo o contentor, propondo a confusão, o emaranhar de todas as emoções e memorias. são também elos entre tudo, mas interpondo-se constantemente entre cada ligação estabelecida.

na primeira prateleira está a máscara, o meu cabelo cortado, o relógio, a folha de árvore caída.
temos visivelmente um remeter para o eu, dor, recusa/aceitação (no cabelo e também na máscara), e o factor tempo, espera, nostalgia (do relógio e da folha), asa do pássaro.

a lâmpada: o elemento em fuga, que consegue libertar-se da asfixia implantada pelo papel celofane. simboliza, de alguma forma a catarse, o conseguir deitar para fora a emoção, logo é a metáfora perfeita para a arte.

o pássaro: virado ao contrário com uma asa partida. faz bastante sentido em tudo isto, é das imagens que mais gosto. explicações não fazem sentido aqui.

o chão: cartolina transparente de propopileno, na qual decorreu todo o processo dos objectos. Simboliza portanto o processo de todo o trabalho. É um vestígio de tudo.

O meu booklet: vejo o meu booklet como sendo todos os objectos que o carrinho comporta. Cada um tem algo a dizer sobre todo o trabalho. E cada um acrescenta sempre algo mais ao seu todo.

Optei também por fazer uma série de cinco vídeos para ilustrar o trabalho. Pode dizer-se que também são o booklet. Estão dentro dele como uma bónus track.

Os vídeos: existem cinco fazes bem explicitas nos vídeos.

I – o olhar para o espelho. Tocar a máscara no espelho. Tento perceber o que me está a acontecer e o que aquela máscara significa ali na minha cara. Escondendo-me, impedindo-me a fala, os movimentos, negando-me a mim…

II – acordo daquele transe. Não a quero ali. Quero tirá-la rasgá-la. Nem que para isso tenha que arrancar a minha pele. Luto freneticamente com a sua existência em mim.

III – paro. Exausta. Olho a tesoura mergulhada na bacia. Parece-me uma solução para tudo aquilo. Lentamente caminho para ela. Ela será instrumento da libertação da raiva. É como o querer magoar-me para que tudo passe.

IV – nua. Nua branca e estéril. Faço do corpo tela. Envolvo-me no branco da tinta e cravo no corpo a dor, a repugna daquela máscara. É o clímax da acção; a catarse. Encontrei de alguma maneira uma forma para me libertar. A arte como fuga.

V – aceito. Aceito. E por já ter passado por tudo isto aconchego-me no papel celofane que outrora me asfixiou, abraço a máscara que me atormentou, e respiro no útero da infância que ansiei alcançar, onde repouso na nostalgia de um outro qualquer lugar.

aspecto final...

1 comentário:

Carolina Oliveira disse...

owa!! bem...k dixer dest trabalho??, simplesmente brutal, mt fix loucu, original...mt mt fixi...adoreiiii, principalmente todo exe brancoooooooooo!!hhihihihihi!!!